Sinopse: Esse livro revela de que maneira os mitos podem nos auxiliar a compreender a vida e saber vivê-la. Explorando os temas psicológicos de muitas tradições míticas, as autoras guiam os leitores desde os conflitos familiares e infantis, passando pelas questões relativas ao amor, à intimidade e à ambição, até chegar ao momento em que temos de enfrentar nossa mortalidade – fazendo de Uma viagem através dos mitos um verdadeiro manual para a vida. Histórias das civilizações greco-romana, hebraica, egípcia, celta, norueguesa e oriental são analisadas de uma perspectiva contemporânea, facilitando a identificação do leitor. Belíssimas ilustrações a bico de pena complementam e enriquecem o livro.Alguns dos mitos tratados:Osíris, Íris e Hórus • Caim e Abel • Rômulo e Remo • Antígona • Adão e Eva • Buda • Eco e Narciso • Sansão e Dalila • Merlin • Jó • Orfeu e Eurídice • Artur e Guinevere • O Minotauro • Fausto • Hera e Hefesto • Ulisses e Penélope • e muitos outros.
Páginas: 212
O mito de Ulisses e Penélope mostra um relacionamento que resiste ao tempo, à tentação e à longa separação. Mas isso ocorre unicamente porque os dois mantém sua confiança um no outro, recusando-se a abrir mão dos seus ideais comuns.Ambos são duramente testados e, vez por outra, cometem erros; em algumas versões do mito, tanto Penélope quanto Ulisses se entregam a outros amores, o que talvez sejacompreensível, considerando-se uma separação de vinte anos. Mas seu amor e interesse um pelo outro e pelo filho os une de maneira absoluta, e sustenta a ambos em seus momentos mais difíceis.Na grande epopeia de Homero, A Odisseia, Ulisses pensa em Penélope e Telêmaco todas as vezes que corre o risco de se deixar apaixonar pelas várias mulheres que o tentam ao longo do caminho. Elas conseguem seduzi-lo,mas não tocar seu coração realmente, pois este já foi entregue.A imagem de penélope tecendo prendeu a imaginação dos leitores por mais de dois mil anos. O que ela tece de dia e desfaz a noite é uma mortalha. O que isso pode significar, como imagem do que sustenta sua lealdade, mesmo ao lhe serem oferecidas companhias que poderiam pôr fim a sua solidão? A mortalha traz o tema da morte- a morte do amor, o abandono do passado, o rompimento de laços e vínculos antigos.Embora nos momentos em que está à vista de todos, ela continue a fazer seu trabalho, Penélope o desfaz quando está sozinha, recusando-se a abrir mão do amor, da lembrança e do passado tecido e compartilhado com o marido ausente.Tecer é também uma imagem arquetípica da própria vida, uma trama feita de muitos fios, experiências, sentimentos e acontecimentos diferentes. Cada um de nós tem uma história singular, que começamos a tecer no nascimento e concluímos na morte. Penélope se recusa a aceitar que a trama e a tecitura de sua vida pregressa estejam completas; não busca o passado e nem o futuro; vive aqui e agora, fiel a seus instintos e sentimentos, recusando-se a ser pressionada a abandonar a esperança,mas se recusando igualmente a se tornar presa das fantasias infrutíferas. Na verdade, ela vive o momento, plena e profundamente, e a mortalha que finge tecer é apenas um meio de se proteger da importunação dos pretendentes.Essa capacidade de aceitar cada momento tal como é, de continuar fiel ao próprio coração, a despeito do que os outros insistam em dizer que é a realidade, talvez seja a verdadeira chave da resistência desse casamento mítico. Para Ulisses, a lembrança da mulher e do filho é o que o mantém comprometido com seus valores e desejos mais profundos; a capacidade de Penélope de se manter serena e calma no presente, recusando-se a dizer a si mesma que "o amor acabou", é algo que talvez tenhamos um imenso trabalho pra encontrar.A natureza do amor desafia o tempo, a distância e a perda física e, ao lado da arte superior e dos momentos de visão mística, talvez seja a única coisa, dentre as que podem ser experimentadas por nós, mortais, que nos permite vislumbrar o eterno. Quando o encontramos, mesmo por breves instantes, no contexto de uma relação próxima, descobrimos um dos grandes segredos da imortalidade.(...)
Liz Greene e Juliet Sharman-Burke em "Uma Viagem através dos Mitos"
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