Observou Thiago acender o cigarro.
Era um evento que sempre prendia sua atenção.
Era cheio de zelo ao fazê-lo. Posicionava sempre os dedos da mesma forma elegante, quase um deus. Trazia o cigarro à boca e, franzindo o cenho, se demorava longamente a produzir a brasa, tragando um camel como se fosse um raro cubano, quase um ritual solene.
Rita sempre prendia a respiração nesses momentos, pouco por causa do cheiro e bastante porque queria capturar consigo a atmosfera do nobre rito. Gravá-lo em um entalhe na memória.
Os dedos finos e elegantes, como os de um pianista e brancos como cera transformavam o fétido objeto num cetro sagrado. Uma relíquia. Um ícone santo.
Se pudesse, Rita guardaria cada bituca em um relicário, rezando a elas para tornar-se cigarro também. Queria estar entre seus dedos, repousar em sua boca, inebriá-lo de seu cheiro e satisfazer seu desejo.
O cheiro de tabaco, que sempre lhe desagradara, passou a preencher de doçura suas narinas. Para ela este era o cheiro dele, tabaco e perfume caro, e roupas metodicamente limpas, e sabonete muito bom.
Nunca sentira o cheiro DELE, sempre tão asseado, e envolto em uma nuvem de cigarro e Davidoff.
Ansiava pelo momento em que sentiria o cheiro de seu corpo, de seu suor, sua pele branca. O dorso magro desnudo colado ao seu.
Mas temia estar naquela faixa nebulosa onde um homem deixa de perceber sua existência como um ser humano fêmea, e passa a tratá-la como "cara".
Embora, sob efeitos mil de toda sorte de alcoólicos, tivessem se beijado por exatas três ocasiões, e o gosto alcoólico de sua língua deslizando pela dela tivesse um efeito quase lisérgico, ele jamais comentou o fato (nenhum dos três) com a "amiga", e ele nunca se repetia quando sóbrio.
Nestes momentos, os olhos levemente puxados de um mel intenso fitavam o vazio, levemente cobertos pelo cabelo denso e escuro. "Como a própria alma" dizia em tom de deboche, e parecia sempre distante, com exceção de um raro momento de escárnio, onde sorria com o canto da boca, formando covinhas que faziam Rita querer mergulhar nelas.
Mesmo assim, um seguia o outro em cada festa, cada reunião informal, cada rendez vous. Sempre juntos, como se estivessem imantados.
Rita achava que assim se completavam. Os vícios dele alimentavam o seu.
Olá,
ResponderExcluirOlha confesso que não entendi muito bem essa sua postagem, mas o texto ta bem legal e o vídeo e show isso eu digo.
Parabéns.
Beijos
Diferente e bom de se ler. Gostei do conto. Parabéns
ResponderExcluir^^
Nizete
Cia do Leitor
Olá,
ResponderExcluirachei o conto legal, o vídeo está bacana, mas acho que precisa mudar as cores ou layout do blog, ficou difícil de ler. www.sagaliteraria.com.br
Poxa,curti bastante seu conto. Gostei da descrição minuciosa da cena,fazendo com que a nossa mente a desenhe com precisão.
ResponderExcluirTraga mais seus textos.Parabéns!
P.S.: Imagem perfeita!!!
Abraço;
http://estantelivrainos.blogspot.com.br
Oie
ResponderExcluirbelo conto, rápido e diferente, adoro me deparar com essas coisas nos blogs haha
BEIJOS
http://realityofbooks.blogspot.com.br/
Wow, ótimo texto Kris, nada mais digno dos teus mesmo.
ResponderExcluirFiquei arrepiada de ler, me lembra aqueles clássicos contos cheio de sensualidade em coisas que outros acham tão simples, como um acender de cigarro.
http://kammyriquelme.blogspot.com/
Xoxo
Oi, eu gosto muito dos contos da Kris, então vou ter de ficar lisonjeada por você ter confundido minha escrita com a dela. HAHAHAHAH
ExcluirMenina juro por Deus que pensei que era a Kris. kkkk
ExcluirMas o teu texto tá ótimo, ela escreve super bem então estão empatadas nesse quesito.
Desculpa a confusão, mas jurava que era ela.
Hahahahaa. Relaxa K, eu mesma acho nossos textos parecidíssimos. Eu e Kris, apesar de muito diferentes temos gostos parecidíssimos e vivências românticas e sexuais bem próximas, sempre nos parecemos nesse aspecto. Rsrsrsrs.
ExcluirBem curioso esse texto! Gostei!
ResponderExcluirparabéns!
Bjus
Oie. Gostei bastante do conto! Muito bem detalhado.
ResponderExcluirQuero continbuação!
Beijos
Blog Relicário de Papel
relicariodepapel.wordpress.com
Hey,
ResponderExcluirAdorei seu conto. Os detalhes no início, as pequenas observações... Muito legal. Consegui imaginar toda a cena, sabe. E gostei do rumo também, me deixou querendo mais, querendo saber o destino do não-casal (se é que haveria um, se continuasse a escrever).
Beijos,
Dois Dedos de Prosa
Pois é, Gaby, estou aqui pensando se Thiago e Rita têm continuidade, ou se são só isso, o estopim do vício um do outro.
ExcluirOlá, gostei do conto...a leitura ficou ainda melhor com a trilha sonora ;)
ResponderExcluirParabéns!
Beijokas da Quel ¬¬
Literaleitura
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirGostei muito do seu conto, e acho que todo mundo já passou por situações semelhantes, de querer mais e não ter coragem ou saber como agir
Beijos
http://meumundinhoficticio.blogspot.com.br/
Olá, gostei muito do seu conto, eu detesto cheiro de cigarro, mas se estivesse no lugar da personagem, será que não mudaria de opinião? Ótimo texto!
ResponderExcluirOi!
ResponderExcluirUma palavra para o seu conto: Uau!
Quero mais, poste uma continuação por favor!
Você escreve bem moça :)
Bjs!
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirAdorei o conto e consegui visualizar a cena claramente!! Nunca tive problemas com cigarro, uns acham estranho, mas acho o ato de fumar até sexy em algumas ocasiões.
Bjs