Resenha: Norma Benguel (Autobiografia)

12 abril 2016



Edição: 1
Editora: nVersos
ISBN: 9788564013681
Ano: 2014
Páginas: 366
Sinopse:Carioca de Copacabana, nascida em 1935, Norma Bengell começou sua carreira artística como manequim na Casa Canadá, até que seu charme e carisma a levaram aos palcos do Teatro de Revista. Num espetáculo, quando ainda dançava nas últimas fileiras, foi assistida por Carmen Miranda, que prenunciou: “Menina, desta turma toda, você é quem vai ser uma grande estrela”.
A profecia rapidamente se cumpriu. Norma Bengell estreou no cinema ao lado do grande Oscarito, em O Homem do Sputnik. Das chanchadas da Atlântida Cinematográfica, Norma passou para as telas do Cinema Novo, onde escandalizou ao aparecer nua em Os Cafajestes, e pegou sua primeira passagem para Cannes, com o elenco de O Pagador de Promessas. Da França, Norma voou direto para Itália, onde atuou com o renomado diretor Alberto Lattuada, manteve um tórrido affair com o ator Alain Delon e encenou mais de uma dezena de filmes.
De volta ao Brasil, ela teve um papel de destaque na bossa nova e nas manifestações de 1968. Lutando contra a ditadura, acabou no exílio, em Paris. Na França, encenou Marivaux, marcou presença no Théâtre National Populaire e foi condecorada pelo então presidente François Mitterrand. Mas Norma gostava mesmo era do Brasil. De volta ao país de origem, deixou para trás o papel de sex symbol e, nos anos 1980, reivindicou o posto de diretora de cinema também para mulheres ao lançar seu primeiro longa, Eternamente Pagu.
Nos anos 1990, tomou a dianteira no processo de retomada do cinema brasileiro, que agonizava, ao bater na porta do gabinete dos presidentes Fernando Collor e Itamar Franco para brigar por financiamentos e pela aprovação da Lei Rouanet. O que esperar da obra lançada pela nVersos Editora, com uma história de vida como esta? Tudo!




Resenha

A autobiografia da atriz, sex symbol, produtora, cineasta, compositora, cantora e  revolucionária por natureza Norma Bengell, publicada pela editora NVersos  é um recorte da história artística do Brasil, contada por uma mulher que viveu para ser quem era, sem nunca calar-se ou deixar-se oprimir.

“Durante a minha vida me acusaram de ser muitas coisas: puta, comunista, sapatão, sapatilha. Mas nunca poderão me acusar de uma coisa: De que fui covarde”

Recebi a difícil e encantadora tarefa de resenhar esta pequena joia, e há duas ou três semanas venho tentando fazê-lo sem que parecesse um texto de Wikipédia.
Difícil. A vontade que tenho é a de fazer um artigo, contando detalhe por detalhe a vida de Norma e os motivos que a fazem ser um ícone não só pelo trabalho de atriz e cantora, mas pela sua atitude contestadora, feminista e forte.

 

De sex symbol, cobiçada pelos homens então considerados os mais belos do mundo, a primeira brasileira a aparecer em nu frontal, se transformou em atriz dramática, produtora, diretora, e depois foi esquecida, quando já não interessava mais à cena artística.
Perto dos últimos anos de sua vida, atuando como Deise Coturno na série Toma Lá da Cá, Norma perdeu os movimentos. De cadeira de rodas, foi homenageada no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em 2011. Ovacionada. Faleceria dois anos depois, em 2013. Pouco depois de concluir sua autobiografia, publicada postumamente em 2014.
Livro pesado, em papel fotográfico, cheio de imagens de sua carreira, com pôster de sua linha do tempo artística. Sem delongas, digno da história que traz dentro. Mas sem uma capa dura. Posso estar filosofando muito, mas achei, no encerramento do livro um possível motivo para isso.

“O quanto de minha juventude já se perdeu?
Pensando melhor, nada se perdeu. Muito de minha juventude está impressa no tempo, nos celuloides, como a beleza fixada para sempre no inconsciente de todas as pessoas, imagem que se reproduz na infinitude da arte, em todos os filmes que fiz.
Não sou imortal.
Sou tão mortal quanto qualquer um, sou humana. Muito humana, da espécie que tem o dom de sorrir e chorar, muito além do meu dom de fazer rir e chorar.
Sou invencivelmente frágil. Uma sobrevivente que vive com intensidade(...)”

Norma Bengell, a despeito do que possa parecer, não tinha capa dura.


3 comentários:

  1. eu fico arrepiada em como tu escreve tuas impressões acerca de um livro, Mandy... essa 'ponte' entre ela e a capa do livro... pqp...
    eu só conheci o trabalho dela em Toma lá, dá cá e sequer imaginava toda a carreira antes disso... quero ler a biografia. você me convenceu.

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  2. Olá,
    Cara, já vinha ler este post com cansaço, porque não é um gênero que eu admire. Porém, sua filosofia foi fantástica. Cara, você conseguiu fazer uma resenha poética, e observar o porque não da capa dura. Aplausos! :)

    Bjs!

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  3. Eu já tinha lido muito pouco sobre a Norma, não sabia de nem metade da importância dela. Parece ter sio uma mulher muito forte e incrível. Fiquei querendo ler o livro pra já! Ótima resenha!
    boa semana :)

    Red Behavior

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