Resenha: Aqualtune e as Histórias da África

15 abril 2016



Edição: 1
Editora: Gaivota
ISBN: 9788564816237
Ano: 2012
Páginas: 164
Sinopse:Maria, Guilherme, mais conhecido como “Orelha”, e Aqualtune só queriam curtir as férias juntos. Eram amigos desde sempre. Mas não imaginavam que uma simples viagem para uma fazenda longe da cidade grande se transformaria na maior aventura da vida deles. A revelação
de uma antiga lenda africana, a presença de Cambinda, uma avó bem diferente das “vovós”,
e a figura de Zumbi, o guerreiro dos Palmares, mudariam o destino de Aqualtune e seus amigos. Para se salvar, eles precisam correr contra o tempo. Com a ajuda de Kafil, um garoto esperto que conhece bem a floresta e seus segredos, Aqualtune vai enfrentar as forças da natureza, unir o passado e o presente e descobrir a verdade por trás da antiga lenda. Mas o tempo não espera por ninguém, e não vai esperar por eles.





Aqualtune é Alice, Alice é Aqualtune. 
Complicado??? 
Acalmem-se eu vou explicar melhor.

Aqualtune é uma adolescente, que como muitas acha seu nome complicado, precisa ficar repetindo, porque as pessoas não entendem e etc. o que acaba fazendo com que ela não o aceite e sendo assim ela decide que nunca mais terá que soletrar o seu nome pra ninguém, e resolve abolir o nome Aqualtune da sua vida (ainda que não juridicamente) e adota o nome de Alice, mesmo sob os protestos dos seus país de que Aqualtune, é um nome forte, imponente, diferente, original e que carrega em si uma grande história. E é assim que Aqualtune passa a ser Alice.

A Nossa história começa, quando nas férias Alice viaja junto com sua melhor amiga Maria, Guilherme e os pais de Maria para uma fazenda, na Serra da Barriga em Alagoas. Essa fazenda em outros tempos foi uma imponente fazenda canavieira, localizada na Capitania Hereditária de Pernambuco e como todas na época abrigava muitos escravos, além de ficar muito próxima do Quilombo dos palmares.
Ao chegarem na fazenda todos perceberam que apesar da decadência do lugar, ali tudo contava a história, inclusive os moradores, descendentes dos escravos que lutaram por liberdade, que ainda habitavam os antigos quilombos e se ocupavam de passar de geração para geração a história e a cultura do seu povo. E é uma moradora da vila quilombola, a Vó Cambinda que ao ouvir o nome Aqualtune, sente que é chegada a hora do cumprimento de uma antiga profecia do seu povo. De que uma menina chamada Aqualtune, assim como a princesa guerreira do congo, viria a encontrar o tesouro da princesa e provar que a sua história era real. 
A Vó cambinda apresenta aos garotos o seu neto Kafil, que tem a mesma faixa etária deles e é um exímio conhecedor da área e eles logo se tornam bons amigos, rola até um doce romance. E é lógico que não seria difícil convencer aos adolescentes de férias a toparem uma aventura em busca do tesouro de Aqualtune. 

Vocês podem estar nesse momento se perguntando quem foi a Princesa Aqualtune e eu vou fazer um resuminho sobre ela pra vocês a partir do que me foi repassado pelo próprio livro. É comprovado que Aqualtune realmente existiu, mas o que se sabe sobre a sua vida é muito impreciso. Diz-se que ela teria nascido no Congo, no século XVI e que seria filha do rei, o que faz dela princesa, mas era também uma guerreira. Foi capturada por um reino rival, vendida como escrava e trazida ao Brasil, onde desembarcou no Recife e levada a um engenho em Porto Calvo de onde ela Fugiu e se refugiou no Quilombo dos Palmares. Há especulações de que ela tenha sido mãe de Ganga Zumba ou avó de Zumbi, mas esses parentescos nunca foram comprovados.

Como eu já mencionei, no skoob e até mesmo no meu perfil no Facebook, Aqualtune e as Histórias da África é uma das leituras infantojuvenis mais ricas em termos culturais, sociais e de representatividade que eu tive o prazer de ler atualmente. A Escrita da Ana Cristina Massa é muito didática e ao mesmo tempo fluída, ela consegue conduzir o leitor por toda essa aventura em um único fôlego. Em um momento nós estamos na fazenda em Alagoas ouvindo as histórias da Vó cambinda e em segundos estamos na África, fugindo na floresta junto com a princesa Aqualtune. 
Eu me apaixonei pela riqueza de detalhes das lendas, dos fatos históricos e até mesmo da congada, mas principalmente sobre as religiões de matizes africanas, que normalmente são descritas de maneira demonizada, mas nessa obra não, aqui elas receberam o maior respeito. 

"_ Bamburucema é o nome daquele tipo de vento que a gente sentiu e viu no céu. Para nós que viemos da África, é a manifestação de uma Deusa que tem a força da natureza. Para umas tribos da Àfrica, essa Deusa é chamada de Iansã, para o nosso povo, os Bantus, é a Bamburucema. Nunca acontece por acaso. Deusa das tempestades, raios e trovões. É força."

Por isso eu acredito que essa obra literária, deveria sim, ser levada as escolas, como forma de combater o preconceito e mais como forma de apresentar as nossas crianças um pouco mais sobre essa cultura africana, que faz tanta parte da construção cultural do nosso país, mas que nunca recebeu o devido respeito, pelo contrário foi demonizada e carrega até os dias atuais o grande fardo do preconceito. Ah, quase esqueci, além desse contexto, principal, a obra ainda apresenta bem de leve um plano de fundo que menciona a invasão holandesa.
Eu gostei bastante da construção dos personagens, onde de uma maneira bem peculiar a autora os estruturou muito mais psicologicamente, do que fisicamente. Em momento algum ela dá aos protagonistas da nossa história, uma cor específica, seja ela de pele, de olhos, de cabelo, o que abre mais ainda esse leque e possibilita aos leitores imaginarem os seus personagens e se identificarem com eles. Alimenta o conceito de que somos todos iguais e mostra o quanto essas padronizações físicas são desnecessárias. 

Agora vou falar especialmente sobre a parte gráfica da obra. Como os visitantes mais assíduos do blog já sabem, eu sou estudante de designer na UFPE e assim sendo, não poderia de deixar de falar do trabalho maravilhoso que foi feito nas ilustrações do livro. Trabalho esse que arrancou vários suspiros de outros estudantes de designer quando esse foi comigo para a faculdade.
Nele, a equipe gráfica teve a brilhante ideia de desenvolver 'Pop Art' com elementos étnicos, tendo assim um resultado deslumbrante. 



A diagramação do livro está maravilhosa, não notei erros de revisão, e apesar das páginas serem brancas, eu não senti que em momento algum isso tenha atrapalhado a minha leitura. 


Enfim, essa é uma obra que eu vou guardar comigo e sem dúvidas lerei pra minha Alice, assim como para todos os filhos, sobrinhos e futuramente até netos que eu venha a ter, pois ela sem dúvidas vale a pena e faz a diferença. Agradeço a editora pela cortesia.
Espero que tenham curtido a resenha.
Beijos ♥

19 comentários:

  1. Eu sou fascinada pelos livros da editora, especialmente porque eles fazem uma diagramação maravilhosa. Já tinha ouvido falar desse livro, porém esta é a primeira resenha que leio e gostei bastante das suas impressões. Ah também acho que uma obra como essa deveria chegar até as escolas.
    Beijos, Fer ♡♡♡

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  2. Tal qual Aqualtune, também sempre precisei repetir meu nome quando me apresentava pela primeira vez em algum lugar ou para alguma pessoa, até que cansei e hoje deixo só o Ivi mesmo... Me identifiquei com a história!!
    A arte gráfica do livro está mega linda e eu quero poder conferir em breve.
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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    1. Eu também Ivi, ela descreveu minha vida nessa parte. A melhor coisa que aconteceu pra mim foi a identidade. hauhauha

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  3. Oi!
    Eu ainda não conhecia o livro, mas sua resenha me deixou bem curiosa! A história parece ser muito boa e diferente de tudo que já li, a ideia de envolver a cultura africana e dos quilombolas é ótima e colocar isso em um livro juvenil, de fácil leitura, deixa ainda melhor. A diagramação parece estar linda mesmo!
    Beijos!

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  4. Olá Kris,
    Esse livro parece ser aquele que faz com que o leitor guarde para sempre em seu coração. Adorei sua resenha e acho que seria fascinante ler esse livro apara todas as pessoas, pois é uma forma de fazer as pessoas se conscientizarem de que o preconceito é ruim e deve ser evitado a todo custo. Essa diagramação está linda e encantadora.
    Espero ter a oportunidade de ler esse livro em breve.
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

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  5. Eu gosto muito de livros que tragam essa explosão cultural. Eu ainda não conhecia e mesmo não sendo um estilo de livro que eu pegaria para ler em um momento de descontração, eu acho que ele tem uma grande importância sim. Como você falou, deveria ir para as escolas, certamente eu o teria lido de bom grado na época, hoje em dia não sei se eu o pegaria para ler, mas fiquei interessada sim.

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  6. Faz muito tempo que li algo com referências culturais, na verdade desde os clássicos indicados no ensino médio eu não leio algo parecido. Gostei muito da resenha e, apesar de não ser o gênero que leio normalmente, fiquei interessada na história.

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  7. Ooi, gente adorei a premissa do livro, não tem como pensar no professor de história, rsrs
    Muito bacana esse tipo de leitura, pois é sempre bom ter conhecimento sobre o assunto. Fiquei muito curiosa pra conhecer mais sobre a princesa. Vou anotar a dica. Adorei a resenha!

    Beijos
    www.apaixonadaporleiturass.blogspot.com.br

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  8. Nossa, Kris, que livro lindo. Eu ainda não conhecia, mas adoro livros assim cheios de culturas e fiquei ainda mais curiosa pelo público alvo ser o juvenil, gostaria de saber como ele foi desenvolvido. Como de acordo com você, foi muito bem trabalhado, eu gostaria muito de ler. Adorei a dica.

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  9. Oiee ^^
    Eu ainda não conhecia esse livro, mas achei ele muito interessante. Parece ser rico em cultura e aprendizado, e acho que nunca li nada parecido, sem contar essa diagramação, que eu achei linda ♥ Saber que a história te marcou e encantou tanto me deixou ainda mais animada para ler, já anotei aqui, e espero poder conhecê-la em breve.
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  10. OI *--*

    Não conhecia o livro mas achei espetacular principalmente o trabalho da editora, essas artes estão maravilhosas. Quanto a estória não se leria pois não ma atraiu a premissa, mas creio que compraria só pela beleza e ter na minha estante.

    Bjos
    http://rillismo.blogspot.com.br/

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  11. OI!!!!!!!

    Adoro questões históricas que tratam da cultura, esse livro é diferente, o mesmo quebra preconceitos estipulados na sociedade, sejam eles: raciais,de religião e culturais. Ele trabalha princípios através de uma narrativa rica em detalhes e nos leva em momentos históricos injustos, turbulentos mais reais. Gostei muito de tudo e confesso que iria gostar desse livro, ele me atraí em diversos aspectos e é difícil enumerar. Em relação ao tema ser abordado na escola, creio que não apenas esse mais outros são tão importantes quanto, entretanto ainda somos "esmagados" em uma sociedade que distorce totalmente o conceito de ética e moral, então creio ser difícil esse sonho ser realizado. Beijos!

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  12. Oie!
    Nossa, que diagramação linda! E com certeza tem um ótimo conteudo, que deve sim ser levado a todos. Tanto para conhecimento como para reflexão. É uma ótima dica, que para mim, devem ser levadas aos adultos e crianças. Uma ótima dica!
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  13. Não conhecia o livro, mas fiquei super interessada em ler depois da sua resenha. Acredito que será uma ótima leitura.
    E que trabalho lindo de diagramação... pelo pouco que vi nas fotos já me apaixonei!!!!
    Beijinhos,
    Lica
    http://amoreselivros.com.br

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  14. Olá!! :)

    Ainda bem que gostaste da construcao das personagens..

    Adoro as ilustraçoes e o trabalho grafico desenvolvido! :) Espero que sempre mostres aos teus netos, sobrinhos e tudo o mais!! ahah :)

    Boas leituras!! ;)
    no-conforto-dos-livros.webnode.com

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  15. Não conhecia, mas achei muito interessante do ponto de vista cultural e social. A diagramação é linda mesmo!
    bom feriado :)

    Red Behavior

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  16. gente, tem como não se encantar com a diagramação desse livro? Sério! É uma verdadeira obra de arte.
    Adorei o enredo envolvendo Alice e a profecia da princesa Aqualtune. Apesar de ser uma obra fantasiosa, deve estar super recheada da história do nosso país. Fiquei mega curiosa com o livro e vou tentar adquiri-lo.

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  17. Olá, sabe que eu não conhecia o livro ainda e devo admitir que ele parece super interessante mesmo, até por se tratar desses assuntos mais culturais, acredito que seria uma boa levar ele para as escolas e ser uma leitura "obrigatória". Fiquei super interessada nele e com toda certeza darei uma chance logo que puder!

    Beijos

    http://www.oteoremadaleitura.com/

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